A DESCOBERTA QUE MUDOU TUDO

Meu nome é Luara, tenho vinte anos e estou no último ano da faculdade de design. Sempre ouvi das pessoas que pareço mais madura do que a minha idade — talvez porque cresci sendo criada apenas pela minha mãe, uma mulher forte, batalhadora e extremamente protetora. Meu pai morreu quando eu ainda era pequena, e desde então minha mãe nunca mais se envolveu com ninguém. Ela dedicou toda a vida a me criar.

Foi durante um projeto de voluntariado em Ouro Preto que conheci Henrique, o coordenador da equipe. Ele tinha pouco mais de quarenta anos — vinte anos a mais do que eu — e carregava no olhar uma profundidade que me deixava intrigada. Era gentil, calmo, paciente… e aos poucos comecei a me apaixonar por aquele homem que parecia ter vivido mais do que dizia.

No início, eu o admirava apenas como colega, mas logo meu coração acelerava só de ouvir sua voz. Ele tinha passado por momentos difíceis: um casamento fracassado, mudanças de cidade, perdas que ele raramente comentava. Ele costumava dizer apenas:

“Perdi algo muito importante no passado. Agora só quero viver com honestidade.”

Nosso relacionamento cresceu de forma serena, livre de ciúmes, brigas ou inseguranças. Ele sempre me tratou com delicadeza, como se segurasse algo frágil demais para ser quebrado. E embora as pessoas cochichassem pelas costas — “como uma garota de 20 anos pode se apaixonar por um homem de mais de 40?” — eu não me importava. Com ele, eu me sentia segura.

Até que um dia, Henrique me disse:

“Quero conhecer sua mãe. Quero fazer tudo certo, sem esconder nada.”

Meu coração apertou. Minha mãe era rígida, desconfiada, e sempre teve medo de me ver sofrendo. Mas se era amor verdadeiro, não havia motivo para temer.

No dia marcado, levei Henrique até minha casa em Mariana. Ele vestia uma camisa branca e carregava um buquê de flores amarelas — as favoritas da minha mãe, algo que eu havia mencionado sem pensar. Caminhamos de mãos dadas pelo velho portão de ferro. Minha mãe estava no quintal, regando as plantas, quando levantou o rosto para nós.

E então… ela congelou.

Seus olhos se arregalaram de uma forma que nunca vi. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, minha mãe largou a mangueira no chão e correu em direção a Henrique. Ela o abraçou com força, como se tivesse encontrado alguém perdido há anos.

“Meu Deus… é você!” ela chorou. “Henrique!”

O mundo parou.

Eu fiquei ali, imóvel, sem entender absolutamente nada. Minha mãe soluçava nos braços dele, enquanto Henrique permanecia estático, pálido, sem sequer conseguir levantar os braços para retribuir o abraço. Seu olhar estava perdido… como se encarasse um fantasma.

“Eu não acredito…” minha mãe repetia, tremendo.

“Não pode ser…” murmurou Henrique, a voz falhando.

Foi nesse momento que senti um arrepio percorrer meu corpo. Algo dentro de mim disse que havia uma verdade sendo revelada — uma verdade que nunca imaginei.

Respirei fundo, tentando impedir minhas mãos de tremer.

“Mãe…”, consegui dizer com dificuldade. “O que está acontecendo?”

Minha mãe se afastou devagar, enxugando as lágrimas, e encarou Henrique como se estivesse diante de um milagre — ou de uma ferida antiga que acabava de ser aberta.

“Luara…” ela disse, com a voz partida. “Este homem… este homem é o irmão mais novo do seu pai.”

Meu coração afundou.

Henrique fechou os olhos como se tivesse levado um golpe.

Meu namorado era, na verdade… meu tio.

O silêncio que se instalou depois disso pareceu durar uma eternidade. A chuva começou a cair no quintal, suave, como se o céu também chorasse.

Minha vida inteira mudou naquele instante — e nada, absolutamente nada, seria igual depois daquela revelação.

CONTINUAR LENDO →