Após megaoperação: Haddad manda recado para o governado do RJ, Cláudio Castro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou nesta sexta-feira (31) que o combate ao crime organizado no Brasil precisa ir além das operações policiais — e concentrar esforços no enfrentamento financeiro das facções criminosas. Segundo ele, essas organizações “se sofisticaram” e utilizam empresas legais e fachadas para lavar dinheiro e financiar atividades ilícitas.
Durante entrevista à jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, Haddad destacou que a asfixia econômica das facções é essencial. “Por trás do sonegador, o que existe é o crime organizado”, afirmou o ministro.
Haddad também aproveitou para mandar um recado direto ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e aos deputados fluminenses que integram sua base na Câmara. Ele pediu apoio ao projeto de lei que endurece as regras contra o chamado “devedor contumaz” — pessoas e empresas que acumulam dívidas milionárias com o Fisco de forma proposital e recorrente.
“Esses devedores fazem parte da engrenagem financeira das facções. Precisamos fechar as brechas que permitem a lavagem de dinheiro travestida de atividade lícita”, reforçou Haddad.
O ministro lembrou que a coordenação entre órgãos federais é fundamental para desmontar as fontes de financiamento do crime, especialmente no Rio de Janeiro. Segundo ele, é preciso agir com rigor não apenas em prisões, mas no bloqueio dos fluxos financeiros que sustentam o poder das organizações.
“Além de cumprir mandados de prisão, é preciso cortar o oxigênio financeiro do crime organizado”, afirmou.
Haddad destacou que o projeto do devedor contumaz, já aprovado no Senado e aguardando votação na Câmara, é uma ferramenta essencial de combate à sonegação e à lavagem de dinheiro. Ele explicou que o governo busca impedir o uso de brechas jurídicas que blindam empresas envolvidas em esquemas de corrupção e lavagem.
“Eles se valem de estratégias fraudulentas para dificultar que as autoridades cheguem até quem realmente está lavando dinheiro”, explicou.
O ministro também alertou para a forma como o crime se infiltra na economia formal. “A origem é ilícita, mas o uso do dinheiro é feito em atividades aparentemente legais, como postos de gasolina, motéis e franquias”, disse.
Crítica à oposição
Haddad criticou diretamente o Partido Liberal (PL), legenda do governador Cláudio Castro e do ex-presidente Jair Bolsonaro, por ter votado contra a urgência do projeto. “Castro deixou claro que o Rio de Janeiro está se escondendo por trás de estratégias jurídicas que servem ao crime”, afirmou.
Mesmo com a derrota na votação de urgência, o projeto deverá voltar à pauta em breve. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se comprometeu a incluir o texto novamente na agenda.
Reposicionamento da agenda de segurança
Com esse discurso firme, Haddad tenta reposicionar o debate sobre segurança pública, priorizando o combate ao crime financeiro como ferramenta central. A proposta é romper o ciclo que sustenta as facções criminosas, drenando recursos que corrompem setores da economia e do Estado.

