A fiscalização realizada na Fazenda Talismã, localizada na cidade de Jussara, no interior do estado de Goiás, verificou a inclusão do nome do cantor sertanejo Leonardo, cujo nome verdadeiro é Emival Eterno da Costa, na chamada “lista suja” do trabalho escravo no Brasil . Esse registro é parte de uma estatística que abrange, ao todo, 727 funcionários que foram identificados por práticas que configuram trabalho escravo.
A operação de fiscalização aconteceu em novembro do ano passado. Na ocasião, agentes da Secretaria de Inspeção do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), visitaram a propriedade e identificaram situações que foram definidas como “condições degradantes de trabalho”. Durante a vistoria, constatou-se que seis trabalhadores, incluindo um adolescente de apenas 17 anos, foram submetidos a essas condições.
Os agentes retornaram trabalhadores vivendo em situações extremamente precárias na Fazenda Talismã. Conforme o relatório apresentado pelos fiscais, os indivíduos pernoitavam em uma estrutura que se assemelhava a uma casa abandonada. O local não possuía acesso a instalações sanitárias específicas, nem dispunha de água potável para consumo ou higiene pessoal, elementos básicos e essenciais para qualquer ambiente de trabalho.
Além da falta de infraestrutura, o local estava infestado por pragas, como morcegos e insetos, o que agravava ainda mais a precariedade das condições de trabalho e de moradia dos trabalhadores. A presença desses animais, aliada à falta de higiene e estrutura, contribuiu para um ambiente insalubre, expondo os trabalhadores a riscos à saúde.
Os fiscais que ficaram no local relataram também um “odor forte e fétido” que emanava do ambiente, diminuindo a ausência de saneamento e a falta de cuidados básicos de limpeza. Esse cheiro, segundo o laudo, estava associado à presença de lixo e dejetos acumulados no espaço onde os trabalhadores se abrigavam, o que tornava as condições de vida ainda mais críticas.
Além do mau cheiro, a estrutura da casa apresentava sérios problemas, especialmente nas camas improvisadas que eram usadas pelos trabalhadores. De acordo com os fiscais, os leitos eram montados sobre galões de agrotóxicos e tábuas de madeira, compondo uma situação de improviso e perigo, que não atende a nenhuma norma de segurança ou conforto.
Diante das evidências coletadas pelos fiscais, o laudo concluiu que os trabalhadores estavam expostos a condições que violavam os direitos trabalhistas, caracterizando o trabalho em situação análoga à escravidão. Essas conclusões foram determinantes para a inclusão do nome do proprietário da fazenda, Leonardo, na “lista suja”, que é um registro nacional de trabalhadores flagrados que utilizam trabalho escravo.
Em resposta às acusações, Leonardo, por meio de sua assessoria de imprensa, alegou que sua inclusão na lista foi feita de forma indevida. O cantor declarou que, na época da fiscalização, a propriedade foi arrerendada a um produtor de soja, o que, segundo ele, transferiria a responsabilidade pelas condições de trabalho indicadas para o arrendatário.
Além disso, a assessoria informou que o caso já teria sido julgado pelas autoridades competentes e que, após o julgamento, os trabalhadores envolvidos receberam indenizações por dívidas. A informação sugere que a situação teria sido regularizada posteriormente, com a compensação financeira das pessoas afetadas.
Leonardo também afirmou que pretende tomar medidas legais para reverter a decisão e concordar com o que chamou de equívoco. O cantor planeja com uma ação judicial para contestar a inclusão de seu nome na lista, argumentando que a responsabilidade não seria dele e, sim, do arrendatário da fazenda. Ele espera que, com essa ação, possa reparar sua imagem pública e esclarecer a situação.
A chamada “lista suja” do trabalho escravo é uma ferramenta utilizada pelo governo brasileiro para identificar e punir investigadores que desrespeitam os direitos trabalhistas e manter trabalhadores em condições análogas à escravidão. Estar incluído nessa lista traz sérias consequências para os empregados, como restrições ao acesso ao crédito e aos convênios com órgãos públicos, além de afetar a audiência e a imagem pública das empresas e pessoas envolvidas.
No caso específico de Leonardo, a inclusão de seu nome na lista gerou repercussão imediata, uma vez que o cantor é uma figura pública de grande notoriedade no Brasil. A divulgação do ocorrido trouxe à tona debates sobre a responsabilidade de arrendatários e proprietários em situações de trabalho escravo, além de levantar questões sobre a eficácia das fiscalizações e das punições aplicadas pelo governo.