Jovem morta em tiroteio no Rio publicou mensagem comovente horas antes da tragédia

Horas antes de morrer de forma trágica, nesta sexta-feira (31), Bárbara Elisa Yabeta Borges, de 28 anos, publicou nas redes sociais uma frase que hoje ecoa como uma despedida:

“É caríssimo perder o que não tem preço. Porque o que tem preço a gente recupere. A maioria das coisas que perdemos, a gente recupera; mas pessoas, não. O que tem valor, quando se vai, leva metade da gente junto.”

Ninguém imaginava que essas seriam suas últimas palavras públicas — um desabafo que, horas depois, se tornaria um presságio doloroso.

Bárbara voltava para casa, em um carro de aplicativo, quando acabou ficando no meio de um intenso tiroteio entre criminosos do Comando Vermelho (CV) e do Terceiro Comando Puro (TCP), na Linha Amarela, altura do Complexo da Maré, na zona norte do Rio.

Um bala perdida atingiu sua cabeça. O motorista, em pânico, tentou socorrê-la e correu com o carro até o Hospital Geral de Bonsucesso, mas a jovem não resistiu.

Testemunhos e desespero

O motorista relatou o desespero do momento:

“Ouvi um estrondo e pedi para ela se abaixar. Em seguida, vieram vários tiros. Quando percebi, ela já estava ferida. Fiquei desesperado”, contou, ainda abalado, na 21ª DP (Bonsucesso).

De acordo com a Polícia Militar, o confronto começou após uma tentativa de invasão de território entre facções. Um dos suspeitos também foi baleado e levado ao hospital.

Moradores que passavam pela Linha Amarela viveram cenas de pânico: carros davam ré em alta velocidade, motoristas abandonavam os veículos, e disparos ecoavam pelos bairros vizinhos. Vídeos gravados por testemunhas mostravam o medo que tomou conta da região.

A cidade em estado de medo

A via expressa foi completamente interditada nos dois sentidos, na altura da Vila do Pinheiro, sendo liberada apenas por volta das 15h. Até lá, quem estava preso no trânsito se abrigava como podia, deitado no chão dos veículos ou atrás de muros.

O episódio — mais um entre tantos que se tornaram rotina no Rio — reacendeu o debate sobre a violência urbana que atinge a cidade e transforma o cotidiano em campo de guerra.

Sonhos interrompidos

Amigos descreveram Bárbara como uma mulher doce, batalhadora e sonhadora.

“Ela estava juntando dinheiro para abrir o próprio negócio. Tinha planos, queria viajar, casar”, contou uma amiga próxima.

A morte precoce da jovem, que lutava para conquistar independência e estabilidade, deixou familiares e amigos em choque.

A mensagem que ficou

A publicação feita por Bárbara horas antes da tragédia viralizou e passou a ser compartilhada como um símbolo de reflexão sobre a vida e o valor das pessoas.

“O que tem valor, quando vai embora, leva uma pedaço da gente junto.”

A frase, que agora se tornou um marco de despedida, tem sido usada como lembrança por aqueles que a conheciam e por tantos outros que se sentiram tocados pela história.

Reflexão sobre a violência

Mais do que uma tragédia isolada, a morte de Bárbara revela uma ferida aberta na cidade: a banalização da violência.

A jovem, que vivia para realizar seus sonhos, teve a vida interrompida de forma abrupta — mais um retrato doloroso de como a insegurança e a criminalidade continuam ceifando vidas e destruindo famílias no Rio de Janeiro.

A lembrança de Bárbara permanece como um chamado à empatia e à urgência de mudança: valorizar quem está por perto antes que seja tarde demais.

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