Porto Alegre perdeu uma de suas mais expressivas artistas na última sexta-feira (21), quando Amélia Bittencourt faleceu aos 86 anos, vítima de um ataque fulminante do coração. A veterana atriz estava em sua residência no momento do ocorrido, conforme informações compartilhadas pela família.
O anúncio do falecimento veio através das redes sociais de seu neto, Jerônimo Bittencourt, que comoveu seguidores ao relatar as circunstâncias da partida da avó. “Vó Amélia faleceu ontem enquanto eu dançava e falava poesia, que coisa. Artista maior da família Bittencourt, matriarca invencível que sempre nos deu lições de sobreviver – descansa, vózinha”, escreveu ele em sua publicação.
Natural de Criciúma, Amélia nasceu em setembro de 1938 e construiu uma trajetória artística diversificada desde o início de sua carreira em 1957, quando pisou pela primeira vez nos palcos teatrais. A atriz destacou-se por sua versatilidade e talento ao integrar importantes grupos como a Companhia de Teatro de Cacilda Becker e o Grupo Tapa.
Durante as décadas de 1980 e 1990, Amélia expandiu sua contribuição ao cenário cultural brasileiro atuando como produtora da TV Educativa de Porto Alegre, período em que também consolidou sua presença na televisão nacional.
Na teledramaturgia, a atriz deixou sua marca em produções de grande sucesso como “Haja Coração”, “Velho Chico”, “Avenida Brasil”, “A Indomada” e “Verdades Secretas”, demonstrando sua capacidade de interpretar diferentes personagens ao longo de gerações de telespectadores.
O cinema também foi palco para o talento de Amélia, que participou de produções como “Nosso Lar” e “Um é pouco, dois é bom”, ampliando sua versatilidade artística para as telas grandes e consolidando uma carreira multifacetada.
No teatro, berço de sua trajetória profissional, a atriz brilhou em montagens clássicas do repertório brasileiro como “A moratória”, “Vestido de noiva” e “Bonitinha, mas ordinária”, estabelecendo-se como uma intérprete respeitada no cenário teatral do país.
Seu último trabalho foi realizado em 2017, quando participou da série “Filhos da pátria”, encerrando uma carreira de seis décadas dedicadas às artes cênicas brasileiras com a mesma paixão e comprometimento que sempre demonstrou.
Viúva do ator Marcello Bittencourt, Amélia deixa um legado familiar de quatro filhos e três netos, incluindo Jerônimo, responsável por comunicar o falecimento da avó. A ligação entre gerações da família sempre foi marcada pela arte, com a matriarca inspirando seus descendentes.
O falecimento de Amélia Bittencourt representa uma significativa perda para o cenário cultural brasileiro, especialmente para o Rio Grande do Sul, que vê partir uma de suas representantes mais longevas e talentosas, cuja contribuição atravessou diferentes mídias e gerações ao longo de mais de 60 anos de dedicação à arte.