O falecido Papa Francisco adotou uma postura firme durante seu pontificado, recusando o salário simbólico de 2.500 euros mensais ao qual teria direito. Enquanto isso, os cardeais do Vaticano recebem cerca de 5.000 euros mensais.
Corpo do Papa Francisco é velado na Basílica de São Pedro, no Vaticano — Foto: ALESSANDRO DI MEO/Pool via REUTERS
Papa Francisco: um pontificado de simplicidade
Desde sua eleição em 2013, Jorge Mario Bergoglio optou por um estilo de vida simples e coerente com sua espiritualidade. Ele nunca recebeu o salário simbólico de 2.500 euros mensais (aproximadamente 15.000 reais) ao qual teria direito, valor que era pago ao seu antecessor, Bento XVI. Todas as suas despesas, como alimentação, segurança e moradia, foram custeadas pela Santa Sé. Desde o início, recusou o tradicional apartamento pontifício no Palácio Apostólico e optou por viver na Casa Santa Marta, uma residência simples dentro do Vaticano que até então servia de hospedagem a visitantes.
Salários dos cardeais
Atualmente, o ganho médio de um cardeal gira em torno de 5.000 euros por mês, ou cerca de 30 mil reais. Esses valores podem variar dependendo da função e localização do cardeal. Por exemplo, cardeais que trabalham na Cúria Romana, o governo central da Igreja Católica, recebem salários mais elevados do que aqueles que atuam em dioceses locais.
Reformas econômicas e cortes salariais
Em resposta à crise financeira agravada pela pandemia de COVID-19, o Papa Francisco implementou medidas de simplicidade no Vaticano. Em março de 2021, ele ordenou cortes salariais proporcionais: 10% para cardeais, 8% para chefes de dicastérios e secretários, e 3% para clérigos e religiosos. Essas medidas visavam conter despesas e evitar demissões, diante de um déficit crescente na gestão econômica da Santa Sé.
Um adeus marcado pela generosidade
Pouco antes de sua morte, o Papa Francisco fez um gesto que sintetiza seu pontificado pautado pela solidariedade e atenção aos mais vulneráveis. Ele doou 200 mil euros — cerca de 1,2 milhão de reais — de suas economias pessoais ao pastifício operado por detentos do presídio de Regina Coeli, em Roma. O projeto, que promove a reintegração social por meio do trabalho, sempre teve o apoio do pontífice, que via na iniciativa uma forma concreta de dignidade e esperança. A doação reforçou a imagem de um líder espiritual comprometido com a justiça social até seus últimos dias.